terça-feira, 31 de julho de 2018

De confusão tenho o coração inteiro.



"De confusão tenho o coração inteiro. Beiro a loucura nos diálogos que faço comigo antes de dormir. São tantos. Brinco de ser tudo o que eu quiser, mesmo que, na realidade, eu não seja lá muita coisa. São tantas esquinas. Tantas placas de “Pare, aqui não é o seu lugar”, que somente assim percebo como estou há anos dando voltas na mesma quadra.

Meu mundo interno está interditado; confusões inundaram os melhores brinquedos do parque. Paz interior? Já ouvi falar. Muito bem por sinal. Meus dobrados são pedaços de coração, medo e saudade. Do que eu fui, do que eu nunca vou ser, do que todos queriam que eu fosse e não fui. Dividir o que eu sinto? Loucura. Ninguém entenderia. Sou página em branco ou todas páginas do mundo, de meio termo não fiz aula.

Alguém com as confusões em harmonia com as minhas? Eu não iria acreditar em tamanha perfeição! Alguém que tenha paciência para ouvir as histórias que só eu sei inventar? Que saiba viver o amor que só eu sei viver? Que saiba lidar com as mais intimas das minhas confusões? Que nade com alegria nas minhas águas? Impossível!

Seria luxo demais um dia alguém entender as ondas noturnas e tempestuosas que fazem barulho neste mar. É ensurdecedor. É repetitivo. É revolto até o sol nascer. Durante o dia sou maré baixa; sorriso paisagem; também estou bem; aceito um café; vou ficar em casa hoje; nos vemos amanhã. Na noite cresço, viro alto-mar, repenso o que vivo, no que mereço, inverto as prioridades e os destinos, me transformo em euforia e, sendo todo valentia, viro coragem. Como se adiantasse ser corajoso na madrugada…

Sempre com algumas certezas, mas cheio de dúvidas, nunca sei o que quero. Saber o que se quer é uma pergunta muito grande para respostas tão pequenas: amor, paz, carinho, o mundo, um beijo. Essas coisas. Nada demais. Assim, beirando a correnteza, vou indo, pois logo preciso acordar e, na maior intimidade do mundo, dar bom dia para todas as minhas confusões."

(Frederico Elboni)

sexta-feira, 27 de julho de 2018

"Alguém se apaixonará por você – do jeito que você é."


"Eu espero – de coração – que você esteja preparada psicologicamente para suportar a bateria de perguntas clichês dos seus familiares: “E os namoradinhos? Cadê? Nem uma paquera?”
Calma, o tempo é piada.
Quando te desejo “boa noite”, mesmo tão longe, sinto seu travesseiro pesado. Você está emocionalmente desgastada, desacreditada e cansada de colecionar relacionamentos catastróficos. Talvez o seu pecado seja a vontade de ter um amor de verdade, talvez seja culpa do acaso ou, simplesmente, ainda não é o momento certo.

Por mais que demore pra ser, será.
Você encontrará quando não quiser mais procurar. Não será fácil entender. Amor a gente não explica, apenas sente e, principalmente, vive. Por mais difícil que seja prever, posso antecipar, desde já, que ele não virá num cavalo, mas causará um belo dum estrago.
Deixa ser, como será.
Você encontrará alguém que vai se embaralhar com seu charme, captar sua insanidade, amar sua loucura, se desmanchar com seu sorriso bobo. Perder o fôlego com seu beijo, se adaptar ao seu jeito. Alguém que não colocará regras. Disposto a aceitar, não julgará, tampouco tentará te mudar.
Alguém se apaixonará por você – do jeito que você é."

domingo, 15 de julho de 2018

O mundo é dos intensos


"Durante nossa caminhada a gente passa por tantas tempestades, encara diversas adversidades, encontra muita gente rasa e – com o tempo – enrijecemos os sentimentos. Acostumamos com o “mais ou menos”.

Não seja tão pouco.

Continue, assim, com o coração saindo pela boca. Enxergando cores até mesmo onde é acinzentado, observando os detalhes, valorizando os pequenos gestos, apreciando atitudes. Se emocionando e sentindo muito.

O mundo é das pessoas intensas.

Sei o quanto é difícil não criar expectativas surrealistas, suportar crises de ansiedade e encarar uma realidade nem sempre prazerosa. É preciso muita força interna para não se tornar gelada. Mas, não desista, tá?

Não tenha medo de demonstrar.

Continue, assim, no seu ritmo. Com personalidade, autenticidade, sensível e transbordando amor. Sem essa de mudar para agradar os outros. Calma! Pessoas vão chegar, vão partir, vão ficar – e você vai encontrar.

Alguém a fim de te acompanhar."

segunda-feira, 9 de julho de 2018

O que descobri aos vinte e poucos anos ...



"A casa dos vinte é a casa das descobertas, quando as ilusões da adolescência se desfazem como fuligem diante de nossos olhos e a famigerada vida real enfim se apresenta feito um soco no estômago.

Ninguém está suficientemente maduro aos vinte e cinco. Nem aos trinta. Nem aos sessenta. Desconfio, na verdade, que a vida passa inteira e ninguém descobre o que é que é pra fazer. Mas cada década vai deixando calos importantes – e doloridos, e cômicos – no mosaico da nossa existência. Aos vinte e cinco, algumas versões suas já foram deixadas pra trás.

1 – Sua rebeldia se torna mais sofisticada – Você já não faz questão de esfregar suas crenças na cara do ateu, tampouco seu ateísmo na cara dos crentes. Não porque você se tornou uma espécie de ser humano evoluído que respeita as crenças dos outros com maestria, mas porque você percebe que algumas coisas simplesmente não valem a pena, e sobretudo porque descobre que, não, você não tem todas as respostas.

2 – Você aprende com o bom humor – Você se lembra dos anos de adolescência em que descobriu que a vida é mesmo complicada, e lembra o quão amargamente reagiu a essa constatação até entender que o mau humor não é capaz de mudar o que você não aceita, e que rir das desgraças ainda é a chave para uma vida mais leve.

3 – Você não se leva tão a sério – Você para de se sentir perseguido e injustiçado pelo mundo, porque entende que você não é tão importante assim. Quanto mais o tempo passa, mais entendemos que somos poeira em um universo infinito – e nossos problemas particulares, que para nós são tão gigantescos, são insignificantes em uma perspectiva macro.

4 – Você começa a entender a lógica das relações humanas – e então perder alguém passa a ser menos dramático, porque você finalmente percebe que relações não duram para sempre. Nunca.

5 – Você começa a se importar com a sua saúde – e descobre que cuidar da alimentação e do corpo não é puramente uma questão estética, é a mais pura demonstração de autocuidado e autoamor. Deixar de se importar com isso é justamente o contrário de se aceitar.

6 – Suas ressacas tornam-se realmente lições de vida – seu corpo já não responde tão bem às bebedeiras. A vodka barata que você bebia tranquilamente aos dezessete agora lhe cai no estômago como uma bomba, e então você se dá conta de que a parte mais divertida de beber é fazer isso direito – leia-se: de modo que você consiga existir dignamente no dia seguinte.

7 – Você descobre que ter um sofá é realmente importante – tapetes, almofadas e tatames são um charme, mas você descobre que se tornou adulto quando só quer ver suas séries de meias no sofá.

8 – Você aprende que não precisa passar por certas coisas – Acampamento no inverno? Só se realmente não der pra arranjar, no mínimo, uma cama quentinha em um hostel. Os anos passam e a gente passa a optar pelo conforto em vez da aventura – embora nem sempre as duas coisas se excluam.

9 – Você sente certo desconforto em relação ao seu próprio limbo – por vezes você se percebe como algo entre um velho e uma criança: Já sente dores nas costas, mas ainda faz maratona de desenho animado com brigadeiro. Relaxa, você é só um jovem normal do século XXI.

10 – Você desconfia mais – você aprende a desfrutar das relações sem aquela entrega adolescente desenfreada. Depois de alguns baques, a velha história de confiar desconfiando passa a funcionar com você.

11 – Você se torna mais seletivo – você escolhe bem as pessoas que valem a sua amizade e os programas que valem o seu tempo. Você dificilmente perderá noites na mesma balada todo final de semana – porque o tempo livre passa a valer mais à medida em que se passam os anos.

12 – Você já não bate de frente com seus pais – sua necessidade de autoafirmação cessou, e você compreendeu que afrontar seus pais não é prova de independência e maturidade – muito pelo contrário, aliás. Você entende que absolutamente tudo é uma questão de perspectiva, e conflitos geracionais são cansativos demais.

13 – Você pensa mais sobre o próprio futuro – não que você realmente saiba o que fazer, mas os seus próximos anos de vida – inclusive a sua velhice – passam a ser uma questão pra você.

14 – Você entende com mais tranquilidade que pouca coisa faz sentido – adolescentes procuram sentido em tudo. Aos vinte e poucos, você percebe que esta é uma tarefa interessante, mas adoecedora. “Ninguém existe por um propósito, ninguém pertence a algum lugar, todo mundo vai morrer. Entre e tome uma cerveja.” (Rick e Morty)

15 – Você entende o valor de não fazer nada – O ócio se torna o seu luxo preferido, e a sua definição de paraíso é um domingo silencioso com filmes, sofá e pizza.

16 – Você lida com suas frustrações com menos desespero – não que você não sofra. Sofre, e muito. Mas digamos que você meio que se acostumou.

17 – Você pensa frequentemente sobre filhos – seja querendo tê-los, seja querendo evita-los, seja ainda não entendendo absolutamente nada sobre a questão, você pensa sobre coisas como casamento, filhos e varandas com samambaias sobretudo porque seus amigos começam a se casar e terem filhos, enquanto você ainda não sabe se prefere Marvel ou DC.

18 – Você fica mais perdida do que nunca – a faculdade é a fase dos sonhos. Quando termina, você percebe que as coisas não são exatamente se formar, arranjar um emprego e ser bem-sucedida. Então você se contenta em a parte do emprego.

19 – Seus objetos de desejo são estranhos – como um esfregão que alcance os cantinhos, um cortador de legumes elétrico ou uma cuba de gelo em formato de abacaxis.

20 – Você valoriza as pessoas pelo que te fazem sentir – e não por coisas superficiais como gostos em comum. Você entende que boas companhias não são exatamente as pessoas que gostam das mesmas coisas que você e pensam como você – isso é delírio narcísico -, mas as que fazem com que você se sinta confortável consigo mesmo.

21 – Você ouve mais as pessoas que discordam de você – não porque a adultice te torna pacífica, mas porque você entende que agregar ideias diferentes das suas ao seu repertório, mesmo que para refutá-las, é uma questão de esperteza.

22 – Você dá valor à organização – e quando se dá conta, tem anotações na agenda, no bloco de notas do celular, nos post-its e nas paredes.

23 – Você acompanha grupos de decoração e dicas de cuidados com a casa – mesmo que não seja muito boa nisso, você realmente quer que a sua casa seja o lugar mais confortável do mundo.

24 – Você gosta de comida de verdade – e em geral prefere uma refeição a um fast food, embora aquela passadinha no Burguer King ainda tenha o seu valor.

25 – Você entende que ainda não entende nada – o próprio Sócrates reencarnado, você só sabe que não sabe de nada."

Despertar.

"Eu não fazia ideia de quem eu era até precisar de mim mesma." Eu sempre quis tanto agradar todo mundo, que, na minha cabeça, a id...