“O último ano foi um dos mais difíceis da minha vida. Não posso negar, apagar e seguir. Recebi pancadas de todos os lados que você possa imaginar. Absolutamente todos. Azar no jogo, no amor, azar até no azar. Ou, julguei, durante um bom tempo, que tudo que me acontecia de ruim era para me estragar. Pelo visto, não.
Diante de tudo que passei nos últimos meses, preciso mesmo é render uma salva de palmas para a minha resistência. Para a minha força. Me descobri como alguém extremamente forte e capaz de recomeçar. De dar a volta por cima. De lutar com unhas, dentes e coração para me manter de pé. Para ser feliz. Eu não me rendo ao choro. Eu não entrego os pontos até que um sorriso leve e sincero volte ao meu rosto.
Aprendi, da forma mais amarga de todas, que pessoas como eu tendem a sofrer mais. Pessoas que escolhem viver com os sentimentos à flor da pele. Pessoas intensas, verdadeiras, cheias de amor. Pessoas cujo objetivo é só fazer o bem, cuidar de quem está perto e, que são capazes de até verdadeiros malabarismos para cuidar de quem insiste em se manter distante. Mas, não é fácil ser assim. Não é tão doce e poético quanto parece. É como gargalhar enquanto se bebe soda cáustica. O mundo anda desapegado e indigesto. Ter um peito florido, enquanto em todos os outros é inverno, não é uma tarefa fácil.
Tem uma frase da música de Paulinho Moska, que é assim: “tudo que acontece de ruim é para melhorar”. E é, de fato. Se nos permitirmos ver com bons olhos, a vida segue um fluxo. Ela sempre caminha para os melhores lugares. Ou melhor, isso passeia pelo seu plantio. Se você faz o bem, não existe outra coisa a se colher. Mas, se você deixa um rastro feio por onde passa, desculpa, isso voltará para você.
Por fim, eu nem sequer escolhi ter um coração bom. Eu nem parei para refletir se queria fazer o bem. É aquela coisa de instinto, sabe? Sempre fui alguém que lutava para mudar. Para ser diferente do que sou, mas, agora, joguei a toalha. Não mudo minha essência porque o mundo não sabe lidar com o meu coração. Se ele se acostumou tão bem com a indiferença, que ele aprenda a lidar com as pessoas que querem fazer a diferença.”
(Matheus Rocha)