quarta-feira, 16 de março de 2016

Depoimento @karinewaldrich :)


(Fonte: http://www.forumconcurseiros.com/forum/forum/f%C3%B3rum-concurseiros/como-fui-aprovado/64493-karinewaldrich)

"Karine Waldrich
Cidade: Blumenau - SC
Idade: 25 anos
Formação: Administração (dez. 2007) e Engenharia Química (out. 2008)
Reprovada nos seguintes concursos: Eletrosul 2009
Aprovada nos seguintes concursos: Ciasc 2009, AFRFB 2009 (39o lugar) e ATRFB 2009 (61o).

Pessoal, minha intenção é contar como foi meu estudo para área fiscal, e agradecer a este fórum por ter me auxiliado tanto.

1) O INÍCIO 

Até janeiro de 2009 nunca tinha passado pela minha cabeça fazer concursos, muito menos estudar para algum deles. Sempre sonhei em trabalhar em empresas grandes, bem dinâmicas, essas coisas. Até que em 2008 fiz estágio final da engenharia em uma multinacional. Achei o estágio bem legal, mas comecei a ficar decepcionada com a vulnerabilidade existente nessa e em outras empresas. Via pessoas com 15 anos de empresa, família, filhos, bastante competentes, sendo demitidas de um dia para o outro, por n motivos: a crise mundial, um novo chefe que chega querendo “revolucionar” e manda todos embora... enfim, não conseguia me ver planejando meu futuro dessa forma. 

Após a formatura tentei alguns trainees, em alguns fui reprovada e em outros aprovada, mas mesmo assim estava desapontada pois sabia que trabalhar em empresa não era mais o que me realizaria. Foi quando, em janeiro de 2009, um amigo que havia passado num concurso me deu o toque para fazer concursos.

Fiz o concurso da Eletrosul (no qual fui reprovada) e me matriculei num cursinho que vi a propaganda no jornal (era o curso Aprovação). Fui fazendo o curso, e fiz outro concurso (Ciasc 2009), na qual fui aprovada. Até que no final de março o ministro Paulo Bernardo apareceu no Jornal Nacional dizendo que os concursos federais em 2010 seriam suspensos devido à crise. Toda a minha família viu essa entrevista, e eu tinha acabado de passar em outro concurso... Aí fui abandonando o cursinho aos poucos, só ia nas aulas de contabilidade. Enfim, desanimei de estudar mesmo.

Nesse ponto admito uma falha minha, que admiro nos concurseiros que estudaram mais tempo. Eu acho que nunca conseguiria ficar estudando sem previsão de edital, essas coisas. Sempre fui aquela aluna do fundão que estudava o suficiente para passar de ano (ou no vestibular). Ou seja, quando acho importante, estudo, mas preciso de uma "pressão"... Por isso, desanimei de estudar quando vi que as previsões de edital eram remotas.

Até que em 24 de abril saiu a autorização para o concurso da Receita. Falei com meu namorado à época, e decidi que iria me dedicar. Escrevi para o Alex Meirelles (tinha acabado de ler o seu “Manual”) e pedi sua opinião: será que eu conseguiria competir com pessoas que estavam tão bem preparadas, há tanto tempo? Ele disse a seguinte frase: “Se vc encarar o dragão com força, dá tempo para chegar brigando sim.” Pronto, era tudo o que eu precisava para seguir em frente.

2) PRINCIPAIS DIFICULDADES 

2.1) GRANA 

Minha família estava em grandes dificuldades e eu não tinha dinheiro sobrando para estudar. De formatura ganhei uma graninha de um tio, que usei para pagar o cursinho inicial (o Aprovação). 

Meu namorado à época se dispôs a ajudar. Então fiz a primeira compra de livros, curso do Ponto, e ele ia me ajudando em tudo. Realmente, isso foi muito importante. No entanto, o que era um projeto dos dois acabou virando um projeto meu, pois o namoro acabou em julho. Aí foi a fase mais tensa, pois ou eu parava de estudar e jogava tudo o que tinha estudado e adquirido fora, ou dava um jeito. Escolhi a segunda opção...

Aí toda a família entrou na dança: meu pai comprava meus livros com o cheque especial, minha mãe pagava algumas coisas, minha vó dava um pouco da pensão do INSS para pagar um curso para mim... Nossa, isso me emociona muito, jamais irei esquecer dessa fase difícil.

2.2) CRENÇA DAS PESSOAS NA IDONEIDADE DO CONCURSO 

No nosso país é natural que as pessoas duvidem de que “baste” estudar para conseguir uma carreira estável. Minha família tinha essas dúvidas, e foi difícil fazer com que elas “botassem fé” nesse projeto.

Meu pai, apesar de ter me ajudado muito, até hoje é uma pessoa com pé atrás. Tenho certeza que ele me ajudou mais por acreditar que aquilo era importante para mim do que por achar que concurso “realmente funciona”. Estou doida para receber o meu holerite e mostrar para ele logo ueheueuheu

De outras pessoas, depois que passei, ouvi: “É, agora vai saber quando vão chamar neh, te prepara para esperar uns 2 anos...”. 

Eu só pensava: “Ah, ok, obrigada pela força”... rsrs

2.3) QUERER VIVER 

Eu sou uma pessoa muito animada, sempre gostei de fazer muitas coisas, de ser a última a ir embora dos aniversários dos amigos, de estar “lá” quando eles precisassem... E tive que abrir mão disso tudo. Meu único período de descanso era aos sábados à noite. Fora desse período eu estudava, e ponto final.

Isso com certeza foi o mais difícil de tudo. 

Aqui repito a frase da colega e concurseira Felina: concurseiro tem que ser muito resiliente para ser aprovado num concurso.

2.4) "MINHA VIDA PROFISSIONAL PAROU!" 

Eu via os colegas de faculdade se dando bem, trabalhando, comprando carro, viajando, essas coisas... claro que tinha consciência de que estava buscando algo mais perene, mesmo assim era muito difícil. E se eu não passasse em nada?? Ia botar meu CV embaixo do braço e sair mandando p todo mundo, depois de um tempo “parada”??

Por isso, hoje, aprovada, digo: encare com MUITA SERIEDADE o seu estudo para concurso. Não é o seu tempo disponível que vai fazer você passar, é sim a seriedade com que você planeja os seus estudos, compra material, estuda, efetivamente. Por isso é que tem muita gente que trabalha e passa, e muita gente que não trabalha e não passa. Se você estuda há um tempão, faz concursos, e não passa, seja humilde: reveja seus pontos fracos, faça uma análise crítica do seu estudo, e corrija o rumo do barco. Não adianta falar “ai, eu faço tudo certo, não sei porque não passo, deve ser falta de sorte”. Claro que muita coisa pode acontecer, a pessoa pode ter problemas, mas uma coisa é certa: quem mais estuda, passa. Por isso, ESTUDE, E COM MUITA SERIEDADE.

3) ROTINA DE ESTUDO 

3.1) ANTES DO EDITAL 

Assim que saiu a autorização (24 de abril de 2009) e decidi estudar, comprei os Descomplicados, o curso do Moraes Jr no Cathedra de Contabilidade, e o livro de Tributário do Ricardo Alexandre (segui as dicas aqui do FC). Em contabilidade e português eu tinha feito as aulas no curso Aprovação, mas nas demais matérias estava começando do zero. Umas 2 semanas depois comprei os de questões do Barchet, o do JMR de questões, o curso do ponto de CI...

Estudava muito. Nessa época eu não contabilizava as horas diárias, mas tenho uma ideia de quanto era pois, depois do edital, quando passei a contabilizar as horas e estudava 9 horas líquidas por dia, tinha a sensação de que estudava menos do que nessa época antes do edital. Eu acordava cedo, estudava, almoçava, estudava logo em seguida, jantava, estudava.

Assim foi até julho, quando eu fiquei doente e com sinusite, uma semana de cama. Nessa semana percebi que estava pegando pesado demais. Aí passei a estudar de manhã, almoçar e dar uma descansada (via globo esporte, jornal hoje, etc), voltar a estudar depois do jornal, parando para jantar pelas 7 da noite, via um pouco de TV com meu pai e voltava a estudar pelas 10 da noite, por mais 2 horas.

Para quem só estuda acho importante esses períodos de descanso entre os momentos de estudo, pq senão a pessoa satura demais. Para quem trabalha eu não posso dar muitas dicas, entendo que seja bem mais difícil ter esses tempinhos... O próprio trabalho tem que ser uma espécie de “descanso pra mente” rs

Quando chegou início de setembro, eu estava bem desanimada, estava estudando demais há 5 meses, já havia estudado todas as básicas de trás para frente, queria fazer alguma prova, testar meus conhecimentos, estudar algo novo. Aí saiu o edital do ICMS RS e, como havia boatos de edital para o ICMS SC, resolvi estudar algumas matérias focando aquele concurso. Além disso, saíram os boatos de que haveria Comercial, Civil e Auditoria na Receita. Aí pensei: “Vou estudar para esse edital do ICMS RS, depois para o ICMS SC se sair e se não der certo tem a Receita e o AFT, cujo edital era previsto para dezembro.”

Essa decisão foi bastante acertada, pois meu rendimento, que havia caído, voltou a aumentar com a “pressão do edital” do ICMS RS. No final do mês, começaram a esfriar os boatos para ICMS SC (e consequentemente a minha vontade de fazer o ICMS RS) e pimba... EDITAL DA RECEITA! Com todas as matérias que já estava estudando (Civil, Penal, Comercial, Auditoria...).

Aí, o foco foi o planejamento, como conto a seguir.

3.2) APÓS O EDITAL 

Segui fielmente as dicas do Alex Meirelles sobre estudo após o edital. Meu domingo (dia em que o edital saiu) foi em função disso. Calculei a quantidade de horas que conseguiria estudar, planejando 8 horas/dia. Estimei a quantidade de horas por matéria, essas coisas. Esse planejamento é muito importante. A partir daí comecei a contar as horas de estudo no cronômetro.

Resolvi tb me matricular no Reta Final da rede LFG. Muitos colegas concurseiros resolveram não fazer o curso pq calculavam que seriam 16 horas a menos de estudo por semana. Eu entendo que para quem trabalha realmente esse é um tempo precioso. Mas acho que, se a pessoa se organiza, vale muito a pena fazer esse curso. Primeiro porque a maioria das aulas são boas. Segundo porque fazer o estudo render no fds é muito complicado, então o curso é uma maneira de continuar estudando de uma forma diferente. Eu lembro que o dia em que meu estudo mais rendia era na segunda, depois de um fds de aulas, pois elas me antenavam para detalhes que eu não estava estudando direito, me mostravam as matérias sob outra perspectiva, essas coisas.

Umas 2 semanas depois do início do estudo eu resolvi aumentar a quantidade diária de estudo para 9 horas/dia, pois via que algumas matérias estavam demandando mais tempo (Ex: Raciocínio Lógico, CI) e eu não queria diminuir das outras.

As duas semanas anteriores à prova serviram para revisão. Já comecei a pegar um pouco mais leve no estudo também. MAS SEMPRE ESTUDANDO, como falarei a seguir.

Acho muito importante o estudo de véspera. Nós somos humanos, e não é porque ficamos 1, 2 ou 5 anos estudando que a informação é gravada automaticamente na cabeça. Não é assim, e temos que ter humildade para perceber isso e sempre “dar uma olhadinha” nos resumos, esquemas, etc.

Não é um estudo forte, tenso. É algo leve. Nas duas semanas antes da prova eu, por exemplo, revisava a matéria, muitas vezes, deitada na cama (apoiada no travesseiro). 

O que revisar também é importante escolher. Nas duas semanas eu olhava o meus esquemas e resumos, que eu tinha feito. Já na véspera mesmo (na sexta e no sábado a noite), para mim foi legal ler algo que nunca tinha lido, para pegar alguma “novidade”. Esse material foi o bizu do ponto. Foi excelente para pegar umas coisinhas extras de última hora, especialmente nos direitos. Lembro que resolvi as 2 primeiras questões da prova de Constitucional facilmente, só pela leitura do bizu. Fora diversos outros detalhezinhos...

Passada a prova objetiva, e vendo que minha pontuação provavelmente me habilitaria para a 2a fase, era o momento de pensar na prova discursiva...

3.3) APÓS A PROVA OBJETIVA – VISANDO À PROVA DISCURSIVA

Depois da prova objetiva de auditor tirei a semana para revisar algumas coisas para a prova de analista, mas estava tão cansada que não consegui estudar quase nada. Depois disso, resolvi aproveitar Natal e Ano Novo. Me planejei para retornar aos estudos no dia 4 de janeiro.

Mas não foi fácil. Eu estava acostumada a um ritmo de estudo bem “controlado” para a prova de auditor (controle de acertos, horas por matérias, questões comentadas...). Nada disso havia para a prova discursiva. 

Quando cheguei ao final dessa primeira semana de estudo para a discursiva, percebi que não tinha estudado quase nada, e que se continuasse nessa linha era bem capaz de rodar nas discursivas e de jogar meu sonho água abaixo.

Foi aí que tomei uma decisão que, para mim, foi decisiva. Falei com alguns colegas concurseiros e um deles, o Garsant aqui do fórum (Garsant = Gustavo Garcia, que é do Rio de Janeiro, também passou na Receita, foi trabalhar em sp e virou amigo) me contou que estava fazendo um curso presencial intensivo para as discursivas, no Rio, com aulas todos os dias à noite, revisão de todas as matérias, correção de muitas redações... O curso estava planejado para encerrar no dia 7 de fevereiro, pois todos os boatos indicavam que a prova discursiva seria em fevereiro, antes do carnaval. Bem, resumindo, essa conversa foi no sábado à noite, dia 9 de janeiro. Convenci minha mãe a me emprestar (mais) um dinheiro (saído do cheque especial dela, lógico), e no domingo procurei lugar para ficar no Rio (com a verba que eu tinha, consegui alugar um colchonete no chão do quarto de uma senhora em copacabana). Comprei passagem (de ônibus) para o Rio... e viajei na segunda! 

Comecei o curso na terça dia 12, e tudo ia muito bem, as aulas eram ótimas, eu estava vendo meu tempo render mais... até que na quinta dia 14, dois dias depois da chegada no Rio, sai o resultado da primeira fase marcando a prova discursiva para o dia 24, apenas dez dias depois! Minha mãe quis me matar! Eu tinha gasto um monte para ir ao rio, e teria menos de duas semanas de aula!

Resolvi, então, aproveitar ao máximo a minha ida e o tempo lá, afinal eu estava no Rio de Janeiro, a cidade sonho de qualquer concurseiro... Parei de ir às aulas do curso para ter tempo de revisar o conteúdo, e peguei o $$ que o curso devolveu e fiz algumas aulas particulares com uma professora de Português, seguindo as dicas do Garsant. Aqui aproveito para agradecê-lo. O Garsant teve um papel importantíssimo no meu estudo para a segunda fase. Eu estava atrasada em relação a ele em termos de estudo para a discursiva, em uma cidade diferente, dormindo no chão do quarto de uma senhora desconhecida (que, na semana mais quente do ano no Rio, não ligava o ar condicionado do quarto em que dormíamos para economizar), e ele, pacientemente, me deu a mão, corrigiu minhas redações, me deu o toque da professora particular, entre tantos outros auxílios. Serei eternamente grata a ele!

E assim foi meu estudo para a segunda fase, bem na correria, como imagino que deva ter sido para os demais colegas.

4) O DIA DA APROVAÇÃO

O dia 25 de fevereiro de 2010, em que saiu o resultado provisório do concurso de AFRFB, foi o mais feliz da minha vida, com certeza. Estava sozinha em casa e vi o nome na lista. Liguei para o meu pai, que estava viajando, e contei a notícia. Ele estava numa reunião com um cliente e começou a chorar!! Que emoção!!! Minha mãe tb ficou muito feliz, minha vó tb, minhas amigas de infância que acompanharam tudo idem.

Enfim, um dia para não esquecer jamais, um dia muito emocionante!!! Por isso, pessoal, estudem muito, pois ver seu pai e sua mãe chorando de alegria depois de tantos momentos difíceis NÃO TEM PREÇO!!!!

5) CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Bem, pessoal, esse foi um resumo do meu estudo. Aproveito para agradecer este fórum, que tanto me ajudou, principalmente aos moderadores Zami e Jr, e aos usuários que o usam com seriedade, evitando discussões sem propósito. Também agradeço a três colegas que “conheci” aqui e que foram muito especiais: O PEIXE, Opus Pi e Garsant. Além do Alex Meirelles, que sempre esteve disposto a tirar dúvidas sobre método de estudo.

Abraços e nunca desistam dos seus sonhos!!

PS: muita gente pergunta, então vou esclarecer: minha assinatura ("Minha alma cheira a talco!") é um trecho da linda música do Gilberto Gil - Palco!"

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